G7 assina acordo para eliminar usinas a carvão e ampliar uso de sistemas de armazenamento

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

30/Abr/2024 18:54 BRT

Os ministros do Meio Ambiente e de Energia do G7 - Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da União Europeia - divulgaram nesta terça-feira, 30 de abril, um acordo para eliminar progressivamente o uso térmicas a carvão e aumentar em seis vezes o uso de sistemas de armazenamento para suportar o aumento das fontes renováveis até meados de 2030.

Segundo Steven Guilbeault, ministro do Clima do Canadá, o acordo mostra que o grupo está empenhado em atingir suas metas anunciadas na COP28, realizada no ano passado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, quando os países se comprometeram a abandonar todos os combustíveis fósseis.

“Esse acordo é um sinal muito forte dos países industrializados e um grande sinal para o mundo reduzir o consumo de carvão”, afirmou Gilberto Pichetto Fratin, ministro de Meio Ambiente e Segurança Energética da Itália.

Para os países que ainda são dependentes da fonte, o grupo incluiu um dispositivo que permite a utilização de combustíveis fósseis após 2035, mas apenas se o país utilizar tecnologias de captura e armazenamento de carbono.  

O acordo também inclui “um cronograma para manutenção do limite de aumento da temperatura em 1,5° C,  em linha com as trajetórias net zero dos países”. Neste artigo, os membros estabelecem que os países podem seguir com o uso de carvão até 2035, desde que as suas emissões nacionais globais não contribuam para um aquecimento global superior a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais.

Com 35 páginas, o acordo também prevê uma cooperação entre os países e parceiros internacionais para suspender a construção de novas usinas a carvão em todo o mundo e a incentivar a energia nuclear, solar e eólica, bem como o uso de hidrogênio renovável, carros elétricos e de sistemas de armazenamento, com meta de 1,5 GW até 2030.

Os ministros também disseram ser necessários investimentos de US$ 600 bilhões por ano nas redes de transmissão e distribuição de eletricidade para suportar o aumento das fontes renováveis.

Além disso, o comunicado estabelece a “Coalizão do G7 para a Água”, visando identificar objetivos e estratégias comuns para catalisar ambições e prioridades para enfrentar a crise hídrica global.

Em relação à Rússia, o G7 ainda se comprometeu a reduzir a dependência da energia nuclear e afirmaram a necessidade de diversificar a cadeia de suprimento de combustíveis para diminuir as importações de gás natural do país e atender as necessidades em “respostas temporárias”.

O Brasil 

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climática, Marina Silva, esteve na Itália nesta semana, em meio às reuniões do G7, e defendeu mais ações de mitigação dos efeitos climáticos dos países e o aumento de financiamento para a transformação energética de nações em desenvolvimento.

Na visão de Marina Silva, os membros possuem mecanismos de mercado que impulsionam a transição energética, enquanto “na maioria dos países em desenvolvimento, tais instrumentos não existem ou estão completamente fragilizados".

A ministra ainda pediu aos países do G7 e do G20 e às COPs 29 e 30, medidas para assegurar financiamento e meios de implementação aos países emergentes para fortalecer os bancos multilaterais com efetivo desembolso de recursos para as áreas de mitigação e adaptação, avançando no processo de reforma da governança global.

Além disso, destacou que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) devem estar alinhadas com a decisão de dar fim ao uso de combustíveis fósseis, antecipando assim a meta de neutralização das emissões antes de 2050.