Venda de ativos menos estratégicos rendeu R$ 9 bilhões à Cemig

Maria Clara Machado

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Maria Clara Machado

Publicado

22/Mar/2024 20:49 BRT

A política de desinvestimento de ativos menos estratégicos, aplicada desde 2019 pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) rendeu cerca de R$ 9 bilhões ao caixa da empresa, segundo o diretor financeiro da companhia, Leonardo Magalhães.

Este montante se deve ao valor das transações em si, que somam R$ 2,9 bilhões. Além disso, empresas como Light, Renova e Santo Antônio Energia, que tinham participação da Cemig, precisaram de aporte de capital. Estes aportes evitados estariam na ordem de R$ 4,9 bilhões, segundo Magalhães. Por fim, a Cemig conseguiu gerar mais de R$ 1 bilhão em créditos fiscais.

Parte da estratégia da empresa é sair de ativos não estratégicos, em que a Cemig era minoritária, e investir o caixa gerado em negócios mais conhecidos pela empresa. “Antes a gente acabava tendo que participar desses aumentos de capital”, disse o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, durante teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2023, realizada nesta sexta-feira, 22 de março.

Em 2023, a Cemig levantou R$ 795 milhões com o desinvestimento de Santo Antônio Energia (R$ 55 milhões), UHE Baguari (R$ 421 milhões), UHE Retiro Baixo (R$ 218 milhões) e de mais 15 PCH/CGH, que renderam mais R$ 101 milhões. No quarto trimestre, a renda referente a alienações foi de R$ 288,3 milhões, referente às transações das UHEs Baguari e Retiro Baixo.

Para Reynaldo Passanezi Filho, a segunda parte da estratégia da Cemig é estar dentro das metas regulatórias, o que também libera para investimentos recursos que antes iam para pagamento de perdas. A empresa fechou o ano com perdas de 6,2 mil GWh, correspondentes a 10,7% do total. A meta regulatória, para o ano, foi de 10,84%. Em 2022, a empresa teve perdas de 11,23% com um teto regulatório de 11,11%.

“A gente tem um desinvestimento de ativos não estratégicos e um aumento da eficiência, que pode vir por menos despesa ou por maior eficiência operacional do ativo”, disse Passanezi Filho durante a teleconferência.

Com espaço no caixa, a Cemig investiu R$ 4,8 bilhões em 2023, o que representou um aumento de 35,3% em relação aos investimentos de 2022. Deste total, R$ 1,49 bilhão foi investido no quarto trimestre de 2023, com a maior fatia destinada para a Cemig Distribuição, que recebeu R$ 993 milhões no trimestre.

Ao longo do ano, a divisão de distribuição recebeu investimentos de R$ 3,3 bilhões. Em seguida, os maiores investimentos foram em geração (R$ 896 milhões), gás (R$ 302 milhões), transmissão (R$ 198 milhões) e geração distribuída (GD, R$ 95 milhões).

Para 2024, a expectativa da empresa é investir R$ 6,2 bilhões, sendo R$ 4,4 bilhões em distribuição, R$ 573 milhões em geração, R$ 505 milhões em GD, R$ 372 milhões em gás e R$ 334 milhões em transmissão.

Geração distribuída

Segundo a Cemig, 18,4% do mercado cativo na área de concessão da empresa já migrou para a GD. Mesmo assim, a divisão de distribuição registrou aumento de 5% no quarto trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período de 2022.

Em GD, a energia injetada pela Cemig teve crescimento de 61,5% na carga, passando de 890 GWh no quarto trimestre de 2022 para 1,4 mil GWh no último período de 2023.

Federalização e participação no leilão de transmissão

Perguntado sobre a possível federalização da companhia, cogitada para equacionar a dívida do estado de Minas Gerais, Reynaldo Passanezi Filho garantiu que esta discussão não interfere no cotidiano da empresa. “Seguimos nosso dia a dia normal, buscando o melhor resultado para a companhia. Esta é a nossa função, independente de quem é o acionista controlador”, disse o presidente da Cemig.

O vice-presidente de geração e transmissão da empresa, Thadeu Silva, também informou que a companhia não pretende participar do leilão de transmissão previsto para este mês.

Resultados

No quarto trimestre de 2023, a Cemig teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão, o que representa aumento de 34% na comparação anual. A receita líquida foi de R$ 9,9 bilhões, um aumento de 2,1% em relação ao mesmo período de 2022.

O segmento com maior lucro líquido foi a distribuição de energia elétrica, que atingiu R$ 400,5 milhões. Em seguida, a divisão de geração rendeu R$ 336,8 milhões. As participações da Cemig tiveram lucro de R$ 551,9 milhões.

Os custos aumentaram 0,4% no trimestre. A despesa que mais cresceu foram os encargos de uso da rede básica, que aumentaram 16,6%. Os custos com gás comprado para revenda, por outro lado, caíram 25% na comparação anual. As despesas com energia elétrica, que representam o maior montante, somaram R$ 6,4 bilhões, um leve aumento de 0,5% em relação ao quarto trimestre de 2022.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) IFRS da Cemig no trimestre foi de R$ 2,4 bilhões, o que representa um aumento de 24,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

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