ISA Cteep considera participar do leilão de transmissão de setembro

Poliana Souto

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Poliana Souto

Publicado

30/Abr/2024 16:19 BRT

A ISA Cteep está estudando participar no segundo leilão de transmissão deste ano, previsto para 27 de setembro. Segundo Silvia Diniz Wada, diretora-executiva de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da transmissora, a ainda é cedo para tomar uma decisão, que deve considerar o nível de endividamento da companhia. A executiva participou de teleconferência realizada nesta terça-feira, 30 de abril, para comentar os resultados do primeiro trimestre de 2024.

Segundo Wada, o lote 4 do leilão de setembro contém instalações atualmente pertencentes à uma concessão da ISA Cteep. Além das áreas já contempladas, o lote também abrange uma nova instalação entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, para continuidade da prestação de serviço público, além do atendimento à região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba no estado de Minas Gerais.

A licitação decorre do fim do contrato atual, em julho de 2025, e compreende a operação de 163 km de linhas e 300 MVA em transformação. O novo trecho compreende R$ 126 milhões em investimento e 58 km em novas linhas.

“Como esse contratado está vencendo, a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] sugeriu colocar essa concessão dentro do escopo de relicitação. Essa concessão corresponde a menos de 1% da nossa RAP [Receita Anual Permitida]. Mas, a gente entende que é importante a recilitação”, disse.

Na avaliação de Wada, a relicitação de ativos antigos, como o lote 4, “precisa de uma discussão de como o formato aprovado pode trazer o melhor incentivo e fazer a melhor prestação de serviço para a sociedade”.

>> Segundo leilão de transmissão de 2024 prevê 850 km de LTs e mais de R$ 4 bi em investimentos.

No início do ano, a companhia desistiu de participar do primeiro leilão de transmissão do ano devido ao número de projetos em andamento, totalizando mais de R$ 15 bilhões em investimentos até 2028, o que pode pressionar o seu nível de alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia.

Ainda na teleconferência, Carisa Cristal, diretora Financeira da companhia, afirmou que a transmissora tem uma expectativa de gerar cerca de R$ 1,8 bilhão adicional em RAP até o final do ciclo de investimentos. Desse total, R$ 1 bilhão virá dos investimentos em novos ativos de transmissão, que receberão cerca de R$ 10 bilhões em investimentos, e R$ 850 milhões a companhia espera obter por meio de investimentos em reforços e melhorias na rede.

Resultado

A ISA Cteep contabilizou lucro líquido regulatório de R$ 409,2 milhões no primeiro trimestre de 2024, aumento de 33,7% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) regulatório somou R$ 896,9 milhões no período, alta de 21,4%.

Já a receita líquida regulatória alcançou 1,1 bilhão, crescimento de 24,3%. A dívida líquida da empresa registrou um avanço de 12%, a R$ 8,1 bilhões.

O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado.

As transmissoras também reportam os resultados financeiros de acordo com as regras internacionais, conhecidas pela sigla em inglês IFRS. Nessa contabilização, os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo financeiro. A distribuição de proventos aos acionistas leva em conta o IFRS.

>> Proposta prevê impacto preliminar de -17,45% em receita de transmissoras prorrogadas. 

Segundo a ISA Cteep, o desempenho foi impacto pelo reajuste do ciclo tarifário ocorrido em julho de 2023, para o ciclo 2023/2024, que trouxe como principais variações: a recomposição da receita de Receita Básica do Sistema Existente (RBSE) de R$ 646,2 milhões no período, em decorrência de reperfilamento do componente financeiro, e a atualização da Receita Anual Permitida pelo IPCA, que cresceu 3,94%.

A energização de dois projetos greenfield – Itaúnas e Triângulo Mineiro - e início das operações de 68 projetos de reforços e melhorias também contribuíram para o resultado. No primeiro trimestre do ano, a companhia investiu R$ 243,1 milhões em reforços e melhorias, alta de 19,9% na mesma base de comparação.

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