Investimentos em energia solar devem superar combustíveis fósseis em 2023, prevê IEA

Poliana Souto

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Poliana Souto

Publicado

26/Mai/2023 17:38 BRT

Os investimentos em fontes renováveis devem superar os gastos com combustíveis fósseis em 2023. Segundo estimativa da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), cerca de US$ 2,8 trilhões devem ser aplicados globalmente no setor elétrico neste ano, dos quais, mais de US$ 1,7 trilhão deve ser destinado para energia solar e tecnologias limpas – incluindo outras fontes renováveis, veículos elétricos, energia nuclear, redes de armazenamento, combustíveis de baixa emissão e em melhorias de eficiência.

“A energia limpa está se desenvolvendo mais rápido que muitas pessoas imaginavam. Isso fica claro nas tendências de investimento, nas quais tecnologias do setor estão se afastando dos combustíveis fósseis. Para cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de US$ 1,7 está indo para as renováveis. Cinco anos atrás, essa proporção era de um para um. Um exemplo brilhante é o investimento em energia solar fotovoltaica, que deve ultrapassar, pela primeira vez, a quantidade destinada na produção de petróleo”, afirma o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol, em relatório. 

Segundo o documento, as tecnologias de eletricidade de baixa emissão representarão quase 90% dos aportes em geração de energia este ano, com a maior parte do capital na fotovoltaica, visto o aumento das instalações da fonte em diversos países. Apenas em 2022, a China adicionou mais de 100 GW de energia solar fotovoltaica, alta de 70% frente 2022, já as instalações na Europa, Índia e Brasil aumentaram 40%, apesar dos problemas na cadeia de suprimentos. 

A IEA também prevê um crescimento para geração nuclear, hidrelétrica e eólica, que enfrenta problemas devido atraso em grandes projetos. Já a adoção de veículos elétricos, deve crescer cerca de um terço.  

Na avaliação da entidade, os aportes em fontes renováveis foram impulsionados por vários fatores nos últimos anos, incluindo períodos de forte crescimento econômico e preços mais voláteis de combustíveis fósseis, que levantaram preocupações sobre a segurança energética, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O reforço do apoio político por meio de ações, como a Lei de Redução da Inflação dos Estados Unidos e as iniciativas na Europa

Em relação ao petróleo, o documento estima um crescimento de 7% nos gastos com petróleo e gás upstream, voltando aos níveis de 2019.  Essa recuperação dos combustíveis fósseis pode impactar no aumento dos níveis necessários em 2030 no Cenário de Emissões Líquidas Zero até 2050 da IEA.  

No relatório, Birol pediu às empresas petrolíferas mundiais que direcionem mais de seus investimentos para as soluções energéticas de baixo carbono. Os investimentos totais da indústria de petróleo e gás em fontes de energia de baixas emissões são de menos de 5% do total aplicado na produção de combustíveis fósseis.